O ministro de Portos e Aeroportos， Silvio Costa Filho， afirmou que a possível fusão entre as companhias aéreas Gol e Azul não deve criar um monopólio na aviação brasileiratigrinho da fortuna， nem levar a um aumento de tarifas aéreas.
A negociação， segundo o ministro， era acompanhada pelo governo há cerca de um ano e meio e， agora que foi oficializada， passará pelo crivo do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)， que vai analisar o impacto da fusão na concorrência do setor.
Aviões da Gol e da Azul no aeroporto de Congonhas
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Bruno Santos - 15.mar.2024/Folhapress
Governo acredita que fusão pode ampliar atuação em aeroportos regionais e fortalecer saúde financeiras das companhias aéreas
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Reprodução/Golf Oscar Romeo 28.mai.2024
"Temos que esperar o Cade， não podemos ainda fazer uma avaliação precisa sobre o que isso significa no setor， mas eu encaro essa fusão meio como uma federação partidária， como partidos que estão juntos， mas que tem suas funções privadas. As companhias querem preservar suas autonomias financeiras e de governança. Hoje está tendo fusão de companhias aéreas no mundo todo"， disse Costa Filho， durante encontro com jornalistas nesta quinta-feira (16)， em Brasília.
Sobre o preço das passagens， o ministro disse que não há meios de intervir no preço， mas afirmou que as tarifas não devem encarecer. "Não vamos aceitar aumentos abusivos. Temos que procurar o diálogo， para que possa haver solidariedade das companhias em relação aos preços."
Uma reunião entre membros das companhias aéreas e do MPor (Ministério de Portos e Aeroportos) deve ocorrer na próxima semana. Segundo Costa Filho， um dos reflexos da fusão deve ser a possibilidade de ampliar a compra de aeronaves， fator que hoje tem limitado a ampliação de cobertura dessas empresas.
"Queremos participar na agenda do fortalecimento da aviação brasileira. Temos que oferecer uma mão amiga para cuidar desses ativos do Brasil. O olhar do governo do presidente Lula será prioritário para a preservação dos empregos no setor e ampliação da malha aérea"， comentou.
Nos últimos dias， a Azul anunciou a retirada de voos regionais de oito cidades do país， incluindo trechos para os aeroportos de São Raimundo Nonato (PI) e Barreirinhas (BA)， dois terminais que estão nos planos de concessão à iniciativa privada.
Na avaliação do ministério， a decisão passa pela falta de aeronaves e peças e a necessidade de a companhia alocar seus aviões em trechos com maiores demandas， além da própria dificuldade financeira que a Azul atravessa. Para o MPor， são situações circunstanciais e os voos devem ser retomados.
"A fusão busca o fortalecimento das companhias aéreas. Com ela， teremos mais integração de voos， poderá sobrar mais aeronaves para mais destinos"， comentou o ministro.
Dados ministério apontam que， em 2024， a tarifa aérea média foi de R$ 632，16， o que representou uma redução de 5，1% em relação aos preços médios de 2023. Das passagens que foram comercializadas no ano passado， 50，8% tiveram preço abaixo de R$ 500.
O MPor também informou que a taxa média de ocupação das aeronaves foi de 84%， o maior índice alcançado desde o início dos registros， em 2002.
Ao todo， mais de 118 milhões de passageiros passaram pelos aeroportos brasileiros em 2024， alta de 4，96% sobre o ano anterior. Somente nos últimos dois anos， houve um crescimento de 20 milhões de passageiros no setor.
GOVERNO QUER TRAZER NOVAS AÉREAS DE BAIXO CUSTO
Costa Filho disse que o ministério tem conversado com as companhias "low cost" de outros países， na expectativa de que entrem no mercado nacional. Segundo o ministro， há conversas em andamento com aéreas como Blue Jet， Iberia， Jet Smart e Sky. Por enquanto， porém， não há uma previsão mais clara sobre a entrada dessas empresas no Brasil.
"Vamos fazer uma rodada de conversas nos próximos meses. Temos low cost mostrando interesse em vir. É uma agenda a ser perseguida"， comentou.
De acordo com Costa Filho， a dificuldade de encontrar aviões disponíveis é o que tem comprometido a chegada dessas empresas.
"Eu pensava que a dificuldade maior era a questão das bagagens， das cobranças de bagagens， mas em todas as conversas que tivemos， a principal queixa é porque não tem avião no mercado. Elas estão dependendo de avião"， disse.
InvestimentosOs dados divulgados pelo MPor mostram que os investimentos públicos voltados para os aeroportos tiveram uma retomada no ano passado， com R$ 743 milhões injetados no setor， contra apenas R$ 122 milhões em 2023. Para este ano， a projeção é de que R$ 1，1 bilhão de recursos da União sejam destinados para os terminais aeroviários não concedidos.
Quanto ao investimento privado， o que se viu foi uma forma retomada de recursos. Nos últimos dois anos， mais de R$ 5，4 bilhões foram aplicados no setor pelas concessionárias， superando os R$ 4，9 bilhões registrados nos quatro anos anteriores， de 2019 a 2022. Para 2025， a projeção é de que R$ 1，9 bilhão sejam repassados pelas empresas do setor.
Neste ano， uma das principais obras do segmento é a modernização e ampliação do aeroporto de Congonhas， em São Paulo， com R$ 2，9 bilhões em obras， dos quais R$ 785 milhões serão executados até 2026. O reequilíbrio financeiro da concessão do aeroporto de Guarulhos também prevê R$ 1，4 bilhão para investimentos.
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