Thakura Kripa Devidathfortune tiger na novibet， 49， converteu-se ao hare krishna três décadas atrás. Em depoimento à Folha， ela fala sobre conversão， carma e a experiência de morar num templo em Suzano (SP).

A gente recebe um nome espiritual， que serve para ter essa conexão， estar sempre falando os nomes de Deus. Krishna tem vários nomes， e sempre que falamos esses nomes， a gente está se purificando. Meu nome escolhido significa "aquela que é serva da misericórdia de Deus e das pessoas santas".

Minha família é toda católica， mas aquele católico que se batiza， que casa na igreja， que vai às missas do sétimo dia， e acho que só. Eu ia [à igreja] com a senhora que trabalhava lá em casa. Na verdade， eu ia mais do que meus pais e avós， porque eu queria ver se ali eu ia achar o que eu estava procurando.

Eu tinha um primo que foi hare krishna antes de mim. Eu sabia que ele morava lá [num templo em Pindamonhangaba]， mas não tinha contato nenhum. Tinha um certo preconceito porque a minha família falou que o Kleber já era punk， já era meio doidão. Mas ninguém explicava o que era [a religião] e ficava por isso mesmo.

Eu estava com uma amiga voltando de um bar na avenida Angélica [região central de São Paulo]. A gente passou na frente do templo， e eles estavam cantando. A porta era de vidro e dava pra gente ver pela fresta. Ficamos lá pescoçando.

Sempre encontrava com os devotos na rua e ia comprando aqueles livrinhos que eles vendiam. Chamaram a gente para um festival em São Paulo. Foi amor à primeira vista. Parecia que eu estava num outro planeta， queria ficar ali pra sempre.

Eu já queria ser vegetariana， mas não encontrava uma turma. Eu tentava， mas minha família sempre ficava， "Tati [seu nome original]， o bicho já morreu， para com isso". Quando descobri que os hare krishnas eram vegetarianos， já adorei.

Teve a dança também， né? A parte dos mantras， os devotos tocando e as moças tão lindas， totalmente coloridas. É outro astral.

Comecei a estudar a filosofia [do movimento] e era um negócio tão lógico， tão legal， encaixava tanto com as minhas ideias. Essa parte de que nós não somos esse corpo， somos uma alma， que tudo é passageiro， e a gente tá aqui por causa de um carma.

Eu sofria muito [com a desigualdade social]. Meu pai tinha comércio， e eu saía com um monte de tíquete de restaurante no bolso. Ficava distribuindo na rua.

Me aliviou esse sofrimento entender que existe um controlador supremo que sabe o carma de cada um， que está dando a dose certa tanto de facilidades materiais quanto da falta delas. Deixa que Deus sabe o que faz.

Não que você vá ficar indiferente， tanto que a gente tem um programa， o Food for Life， no mundo inteiro， para distribuir alimentos.

A Igreja Católica não explicava por que um nasce bonito e outro feio， por que um nasce aqui e outro lá. Tudo isso tem um porquê. Deus não é cruel. As pessoas fizeram por merecer， estar bem ou estar mal.

A gente fala em abandonar o corpo [quando alguém morre]. O espiritismo vai [pela linha de] que a alma está sempre evoluindo. Só que na nossa filosofia é explicado que não， que você pode cair e voltar. Isso é mais lógico pra mim. Você chega num determinado momento e faz uma coisa horrorosa. Aí vai continuar evoluindo? Tem que voltar uma casinha pra trás.

Com 19 anos， falei assim: vou passar um ano no templo， porque um ano não vai feder nem cheirar. Minha mãe e meu pai ficaram pirados， né? Mas não impediram， graças a Deus.

Há uns dez anos eu cuido do altar no templo. A nossa meditação é às 4h. Então tenho que deixar tudo pronto antes dos monges chegarem. Acordo às 2h15 todos os dias. A manhã toda é dedicada à paz espiritual.fortune tiger na novibet

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